A Casa e o Mundo, de Rabindranath Tagore, é um livro passado na região de Bengala, no sudeste da Índia. Depreende-se isto por algumas deslocações que as personagens fazem a Calcutá (capital do estado de Bengala Ocidental), e porque é a origem do próprio autor. Em termos de localização no tempo, leva-nos à época do Movimento de Independência da Índia, no início do século XX.

Ler por aí... no Japão: A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata

Uma casa onde jovens raparigas dormem sob o efeito de drogas, para deleite de homens “no inactivo”. Eguchi foi a esta casa para experimentar, e ficou tão impressionado que não resistir a ir mais algumas vezes dormir com estas jovens, inanimadas porém extraordinariamente belas.

Não sabemos onde se situa a Casa das Belas Adormecidas. Apenas nos é dito que fica numa região quente, e sabemos que fica junto ao mar – o barulho das ondas na falésia soa ruidosamente dentro da casa. O som das ondas a rebentar na falésia cria uma atmosfera fantasmagórica – fez-me pensar na Pousada da Jamaica (Jamaica Inn), o filme de Alfred Hitchcock, não o romance de Daphne du Maurier, que não li.

Logo na primeira frase do seu Breviário, Predrag Matvejevitch adverte: «Não sabemos ao certo até onde vai o Mediterrâneo, nem que parte do litoral ocupa, nem onde acaba». E, no final do parágrafo, ainda acrescenta: «O Mediterrâneo não é apenas uma geografia», como que a anunciar que a obra que se segue evoca mais do que descreve. O Mar de Matvejevitch é um território abstracto e organizado sobre uma tecedura complexa de espaço e tempo.

Ler por aí... em Timor-Leste: Peregrinação de Enmanuel Jhesus, de Pedro Rosa Mendes

Meia ilha do arquipélago das Pequenas Sondas, que está tatuado na perna direita de Alor: Timor Lorosae, onde nasce o sândalo, “…homde nace o samdollo.”

O mapa que tem tatuado é uma réplica do atlas de Francisco Rodrigues, elaborado entre 1511 e 1515, durante as viagens que fez ao lado de Afonso de Albuquerque em busca das “ilhas das especiarias”, as ilhas Molucas.

Fernão Mendes Pinto diz ao que vai e com isto ao que todos iam. Esta obra satírica é um livro de moral disfarçado de livro de aventuras. Sátira da colonização portuguesa, a Peregrinação usa todos as ferramentas da literatura satírica: do pícaro ao ingénuo, do bondoso ao herói, Fernão Mendes Pinto encarna todas as personae da sátira. 

Há alguns anos fui jantar a um restaurante turco de Lisboa. Pedi a lista dos vinhos e o senhor respondeu-me que não tinha lista, porque não queria ter nada a ver com a vende álcool. “Sou muçulmano, não toco em álcool. Quem o vende são os meus empregados; eles compram, vendem e ficam com o lucro todo. Vou chamá-lo”.

No dia seguinte eu ia fazar uma leitura das “Odes ao Vinho” de Omar Khayyam (o título é o da edição da Morais de 1970, tradução de E. M. de Melo e Castro, o meu rimeiro contacto com os Rubaiyat) e lembrei-me de o dizer ao proprietário do restaurante: