Ler por aí... em Santiago, Cabo Verde: Siríaco e Mr. Charles, de Joaquim Arena

Ler por aí… em Santiago Cabo Verde: Siríaco e Mister Charles de Joaquim Arena Este é Siríaco. E esta é a sua história, que se multiplica em temas de interesse que se entrecruzam, e que nos levam a mergulhar em pesquisas sem fim – por isso, e também por trazer uma personagem histórica à sua dimensão humana, Siríaco e Mister Charles é tão fascinante. As duas figuras centrais, Siríaco e Charles Darwin, são ambas personagens históricas que coincidiram na ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde.

quantifico as minhas leituras no Goodreads – faço o reading challenge desde 2018: nos primeiros anos, com resultados humilhantes – porque, na verdade, não registava tudo o que lia. Desde 2021, porém, termino os meus anos leitores em glória – graças à disciplina de passar o ano a registar tudo o que leio, e releio. Enche-me de satisfação ver a barrinha do objectivo a avançar castanha, rumo aos 100%! Rebolo-me de satisfação ao registar, cada dia, em que página vou, e ver a barrinha castanha a crescer. Nesta brincadeira, não falta a frustração de quando o livro que estamos a ler não está no Goodreads!

15 livros ilustrados com muito Ler por aí…
Para participar no #marçoilustrado, iniciativa bookstagrammer da @silveria.miranda e do @na.cama.com.os.livros, deixo aqui 15 sugestões de livros ilustrados que, além de nos encantarem de lindos, nos fazem viajar. E é um engano pensar que só irão agradar às crianças!

Ler por aí… em Lisboa, e outras cidades, que também são recordadas: A História de Roma, de Joana Bértholo
Joana passeia o rapaz suíço por Lisboa: andamos com eles por Santos (o Museu Nacional de Arte Antiga), Campo Grande (o Museu Bordalo Pinheiro), Marquês de Pombal (a Estufa Fria), a Almirante Reis e o Intendente (a Casa Independente), Alfama e Graça, Santa Apolónia, Terreiro do Paço (o Martinho da Arcada) e Chiado (e as Belas Artes). E com isto, vejo que acabo de criar um circuito para este livro!

Este artigo pretende dar pistas para a compreensão desta História que não passa pelos livros da escola. Por isso, reuni alguns dos livros sobre o assunto, que importa conhecer. Não é uma lista exaustiva, mas espero que sejam portais para a exploração deste universo, e que estas leituras levem a outras.

Ler por aí… em Castelo Rodrigo: A Aldeia das Almas Desaparecidas de Richard Zimler
Estamos na aldeia de Castelo Rodrigo, próximo da fronteira com Espanha e a Sul do rio Douro. Esta é a paisagem da aldeia mais bela do mundo, segundo o nosso protagonista, Isaac Zarco. Reconhecemos este sobrenome de outros livros de Richard Zimler, em primeiro lugar do primeiro deste Ciclo Sefardita, O Último Cabalista de Lisboa. Isaac dista de Berequias 150 anos e várias gerações – e quase 400 quilómetros! O século XVII vai avançado, os Filipes espanhóis já se foram embora, mas reina a Inquisição.

Em crianças, ouvíamos vezes sem conta a mesma história. Já sabíamos o fim, mas mesmo assim, queríamos ouvi-la novamente. Ficávamos ansiosos, à espera daquela cena que já sabíamos que ia acontecer. A minha mãe contava-me, e ainda me conta, muitas histórias de filmes e de livros. Lembro-me de uma de Hitchcock, que acaba com os polícias a comerem a arma do crime: uma perna de borrego assada! Mais tarde, vi …

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Ler por aí… na Islândia: A Raposa Azul, de Sjón: Tenho esta imagem da Islândia: um território extremamente vulcânico, em constante erupção e mutação, em que territórios que hoje existem amanhã podem já lá não estar, e vice versa. Por isso, fico a pensar se alguns dos locais referidos pelo autor existiriam no século XIX e hoje já não existem, ou se foram simplesmente inventados por ele.

Ler por aí… no Tâmega-Sousa – Norte de Portugal: A Sibila de Agustina Bessa-Luís Não está explícita a localização da Casa da Vessada, mas há indícios na obra que a colocam algures no Tâmega, algures no triângulo formado por Amarante, Penafiel e Marco de Canaveses. No centro deste triângulo encontramos Vila Meã, terra natal de Agustina Bessa-Luís. E é em Vila Meã que se situa a Casa do Paço, casa que inspirou a Casa da Vessada. Esta informação não vem do texto, mas sim do website do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, que disponibiliza um Roteiro Literário da obra da autora.

A história desta velha passa-se em Cabo Verde – na época da colonização portuguesa – mais concretamente, na ilha de Santiago – numa vila chamada Lém, que fica no interior da ilha, a cerca de 12 kms da Praia, portanto na parte Sul da ilha. É esta vila que, na história, se torna o novo centro do cristianismo.

Uma oficina de restauro de pianos em Benfica, mas não nos prédios que hoje lá existem. Era no núcleo antigo de Benfica que ficava a oficina. Dos pianos velhos que jaziam no cemitério retiravam-se peças para os pianos a reparar. Dentro de um piano, uma peça de um piano mais velho, como no filho, e no neto, há peças do pai e do avô. A história desenvolve-se neste círculo, e alterna entre duas épocas e duas gerações, – a renovação. Nascimentos e mortes coincidem no tempo. O mais velho dá lugar ao mais novo. A vida acontece no entretanto, sempre repetida, mas diferente.

“Caso não saiba que fazer com os olhos ávidos, tem sempre ao seu dispor esse outro, sempre próximo, interior : um livro.”
Esta é a proposta de Susan Sontag logo desde o prólogo de “O Amante do Vulcão”. A autora leva-nos até Nápoles, uma pacata cidade a caminho do Sul de Itália, encostada nas sombras do Monte Vesúvio. Mas mais do que oferecer-nos uma viagem turística, Susan Sontag leva-nos a viajar no tempo até aos finais do século XVIII, na companhia de Sir William Hamilton, embaixador inglês para o Reino das Duas Sicílias, então ainda uma posse do reino Bourbon de Espanha, e também conhecido entre os seus pares ingleses com o nome de Il Cavaliere.

Senhoras, senhores, amigos,Quero fazer um esclarecimento prévio, e que provavelmente serão vários esclarecimentos prévios. O primeiro é que eu ditei, apressadamente, por telefone, a ordem dos temas destas conferências, e depois, pensando melhor, julguei mais natural modificar essa ordem. De modo que começaremos, para considerar a história do tango, começaremos pelo teatro, pelo ambiente, depois pelas personagens do tango, depois pela evolução que já tem bastante mais de meio século, …

Ler por aí… em Buenos Aires: O Tango, Quatro Conferências, de Jorge Luis Borges continue a ler »

Ler por aí... no Japão: A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata

Uma casa onde jovens raparigas dormem sob o efeito de drogas, para deleite de homens “no inactivo”. Eguchi foi a esta casa para experimentar, e ficou tão impressionado que não resistir a ir mais algumas vezes dormir com estas jovens, inanimadas porém extraordinariamente belas.

Não sabemos onde se situa a Casa das Belas Adormecidas. Apenas nos é dito que fica numa região quente, e sabemos que fica junto ao mar – o barulho das ondas na falésia soa ruidosamente dentro da casa. O som das ondas a rebentar na falésia cria uma atmosfera fantasmagórica – fez-me pensar na Pousada da Jamaica (Jamaica Inn), o filme de Alfred Hitchcock, não o romance de Daphne du Maurier, que não li.

Logo na primeira frase do seu Breviário, Predrag Matvejevitch adverte: «Não sabemos ao certo até onde vai o Mediterrâneo, nem que parte do litoral ocupa, nem onde acaba». E, no final do parágrafo, ainda acrescenta: «O Mediterrâneo não é apenas uma geografia», como que a anunciar que a obra que se segue evoca mais do que descreve. O Mar de Matvejevitch é um território abstracto e organizado sobre uma tecedura complexa de espaço e tempo.