A Páscoa Judaica
A Pessach, ou Páscoa Judaica, celebra a libertação da escravidão do povo hebreu. É um dos momentos mais importantes do calendário religioso judaico.
Esta história vem a propósito do Passeio Literário: O Último Cabalista de Lisboa, e de estarmos em plena Semana Santa, ou seja, quase a chegar à Páscoa Cristã. Mas sobretudo, lembrei-me deste tema porque recebi hoje uma daquelas memórias do Facebook, de há 11 anos, onde contava que as limpezas da Páscoa, muito usadas sobretudo no Norte de Portugal (vem aí o compasso e a casa tem de estar a brilhar para receber o senhor padre), são na verdade uma tradição judaica muito antiga.
Pessach significa “passagem”, e representa a passagem do povo judeu da escravidão para a liberdade. Há cerca de 3.500 anos, Deus ordena a Moisés (irmão adoptivo de Ramsés II, lembra-se do filme da Disney?) que cada casa hebreia sacrifique um cordeiro, salvando assim os primogénitos das famílias hebreias, e seus descendentes, da décima e última praga: a morte dos primogénitos. Como prova de obediência, deveriam pintar os umbrais das portas com o sangue do animal sacrificado. Será possivelmente esta a origem da mezuza, dispositivo que existe no umbral da porta de entrada das casas judaicas, onde é colocado o texto sagrado, em pergaminho, e que santifica o lar judaico.
A décima praga acabou por afectar todas as famílias não hebreias no Egipto, incluindo o faraó, que vendo o seu primogénito morrer e temendo a ira de Deus, liberta finalmente os hebreus. Dizem que, na pressa da fuga, os judeus não tiveram tempo de fermentar o pão. A sua última refeição no Egipto terá sido cordeiro, ervas amargas e pão não fermentado: matza. Será por isso que na seder (o jantar cerimonial da Páscoa) não é permitido o pão fermentado, o que nos traz de volta ao que dizia no início: as limpezas da Páscoa. Este costume, muito enraizado sobretudo no Norte do país, tem origem num ritual antigo trazido pelos judeus, e perpetuado pelos cristãos-novos: na Páscoa, a casa tem de estar impecavelmente limpa, para garantir que não resta uma migalha de pão fermentado, proibido nesta época.
Margarida Branco
© Ler por aí… (2024)
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