Ler por aí… em Nápoles, Itália: O Amante do Vulcão, de Susan Sontag
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É o fim do dia. O Cavaliere encontra-se no topo da montanha. Contemplando o gradual declínio do Sol, cada vez maior, cada vez mais vermelho, mais suculento, sobre o mar, à espera do mais belo momento, aquele que gostaria de prolongar, quando o Sol toca o horizonte, e por um segundo repousa no pedestal de si próprio – antes de desaparecer com irrevogável determinação por trás da linha do mar. Em torno de si, o atroz fragor do vulcão, preparando a próxima erupção. Fantasias de omnipotência. Amplificar aqui. Suspender acolá. Cortar o som. Como no fundo da orquestra, o timbaleiro que, depois de ter arrancado aos seus dois enormes tambores uma enfiada de sons ribombantes, poisa rapidamente as baquetas e abafa o som assentando as palmas da mão muito levemente, muito firmemente, na membrana, ao mesmo tempo que leva a orelha ao tambor para se assegurar que continua afinado (a delicadeza destes gestos depois dos portentosos movimentos da percussão e dos batimentos) – assim se poderia calar um pensamento, um sentimento, um temor.”
Susan Sontag, O Amante do Vulcão
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