Ler por aí… nos Mares: O Mar, Uma História Cultural
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Este é um livro sobre o mar e sobre os modos de os seres humanos interagirem entre si por causa do mar, percorrendo através dele os seus caminhos, vivendo no mar ou em redor dele. Trata-se, em suma, de um livro sobre a variedade de modos com que as pessoas habitam o mar. Falamos aqui de um meio feito de água salgada, por oposição à água doce, e que toma por limites terrestres os pontos de ligação entre o mar e a terra, as regiões entre marés, as praias, os promontórios, os estuários e portos contíguos ao mar, distinguindo-se dos lugares e actividades humanas que têm lugar mais para o interior. Poderíamos definir o nosso tema como sendo o próprio mar, bem como os lugares onde os seus sons e odores penetram. O livro tem a ver, assim, e em considerável medida, com um mundo sensorial, pois trata fundamentalmente da experiência dos mares e dos oceanos. Diz respeito, em suma, ao grupo humano que foi algures descrito como o das gentes do mar.”
Assim começa o nosso livro de Novembro – O Mar, Uma História Cultural, de John Mack, editado pela Bookbuilders na sua colecção História. A tradução – notável – é de Sarah Adamopoulos, com a assistência de João Madeira para a terminologia náutica e Pedro Cancela para a geografia.
O autor usa «mar» sempre no singular, mas a leitura desta prodigiosa obra (e estou a ser comedido na adjectivação) leva-nos a olhar para o mar no plural. Com efeito, se bem o mar pareça o mesmo – água salgada – a geografia e o clima condicionam a maneira como os humanos interagem com ele, olham para ele, nele navegam e (mais obviamente) pescam. As costas recortadas e ventos muito variáveis do Mediterrâneo favoreceram a navegação de cabotagem; já os grandes ventos estáveis do Atlântico são mais favoráveis às grandes travessias. Uns povos vêem no mar o perigo, o desconhecido, a morte; outros vêem a oportunidade, a beleza, o sonho. Um mesmo povo pode ter duas visões mais do que diferentes, opostas:
Assim, para os gregos antigos, o mar, tal como foi descrito por Semónides, tinha duas faces. Por um lado, tinha aspectos profanadores e profanados; por outro, tinha propriedades purificadoras.” (Pág. 143)
John Mack recorre a uma vasta bibliografia (quinze páginas…), que inclui autores modernos e clássicos, ficções e estudos científicos. O volume inclui também um índice remissivo bastante completo.
A lista dos seus capítulos ajuda a perceber quão completa e minuciosamente o tema foi abordado: Introdução, Diferentes mares?, Conceitos de mar, Navegação e artes performativas, Dos navios como sociedades, Praias, O mar na terra. Cada um destes capítulos está dividido em cinco ou seis sub-capítulos. Este livro não se dirige apenas a pessoas directamente ligadas ao mar, mas sim a quem se interessa pela humanidade e sua história: o mar desempenhou um papel fundamental nessa história. Nós, portugueses, que ainda somos em grande parte o resultado da nossa interacção com o mar – apesar do relativo desinteresse pelas coisas marítimas das últimas décadas – temos tudo a ganhar com a leitura de O Mar, Uma História Cultural.
Luís Serpa
© Ler por aí… (2021)
John Mack
John Mack nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, 1949. Estudou Antropologia Social e História das Ideias na Universidade de Sussex, e é doutorado em Antropologia pelo Merton College, Universidade de Cambridge.
Foi curador do Museum of Mankind, secção do Museu Britânico que se dedica Etnografia.
Desde 2004, é professor de World Art na Universidade de East Anglia, na Inglaterra, dirigiu a escola de World Art na mesma universidade. Publicou e coordenou jornais académicos na área e é hoje membro da Academia Britânica e do Royal Anthropological Institute, entre outros títulos.
É uma autoridade nos estudos da arte e da cultura africanas, tendo feito trabalho de campo na África Oriental, nomeadamente no Sudão do Sul, Zanzibar, Madagáscar e Quénia.
Além de O Mar, Uma História Cultural (2011), não temos outras obras de John Mack disponíveis em Portugal. Ansiamos pela tradução de Museum of the Mind: Art and Memory in World Cultures (2003) e The Art of Small Things (2007).
#aocuidadodaseditoras
Os Mares
Na antiguidade, os Mares eram sete. Eram. Hoje o Mar é infinito.
Apesar de, como diz John Mack, não haver um registo físico visível da intervenção humana nos Mares, o que não proporciona pontos de interesse como as restantes paisagens, o Mar é o ponto de interesse por si. As possibilidades também são infinitas.
Se preferir o original, em inglês:
Outros livros sobre os Mares:
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