5 livros de ficção com freiras

5 livros de ficção com freiras

É mesmo como se diz: “Quem vive no convento é que sabe o que lá vai dentro.”

Por ser um ambiente fechado ao exterior, o convento – sobretudo o de freiras – excita-nos a imaginação e a curiosidade. Há lendas de túneis para entrada sorrateira e fuga desesperada. Há histórias dramáticas, sangrentas e depravadas. E a literatura bem tirou partido delas.

Partilho convosco algumas das obras que têm o convento como cenário e freiras no centro da narrativa. São cinco de ficção e um bónus.

A Religiosa de Denis Diderot

A Religiosa, de Denis Diderot
(esgotado… antiga edição das Publicações Europa-América)
(edição francesa: Culturea)

Uma noviça num convento francês do século XVIII é vítima das maiores perversões. Neste romance, Diderot, que chegou a estudar para padre, denuncia a hipocrisia que à época corria nos conventos e na Igreja em geral. A edição portuguesa, além de esgotada, tem uma capa que receei utilizar aqui devido à igualmente hipócrita política de conteúdos das plataformas de que hoje dependemos.
Convento: Abadia de Longchamp, próximo de Paris

Cartas Portuguesas de Soror Mariana Alcoforado

Cartas Portuguesas, de Mariana Alcoforado
(E-Primatur)

Incontornável nesta lista é esta compilação de cartas escritas pela freira de Beja ao Marquês de Chamilly. Sem se ter a certeza se estas cartas são autênticas, este livro consta aqui como ficção. No entanto, esta edição apresenta um estudo histórico onde se conta toda a investigação que já foi feita acerca deste caso.
Convento: Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja

Agnes de Deus, de John Pielmeier
(edição em inglês: Nelson Doubleday)

Talvez conheçam o filme, protagonizado por Jane Fonda, mas começou por ser uma peça de teatro. Uma noviça dá à luz uma criança sem saber o que lhe aconteceu – nem de onde vêm os bebés! A premissa é isto, e a acção da Dra. Martha Livingstone para provar, por meio da hipnose, que Agnes é inocente da morte desta criança.
Convento: algures em Montréal, Québeq

Pequenas Coisas como Estas, de Claire Keegan
(Relógio d’Água)

É uma ficção, mas inspira-se num caso verídico, o dos Asilos de Madalena, na Inglaterra e Irlanda do século XIX. Acolhiam mulheres com fragilidades diversas, como problemas de saúde mental ou moralista exclusão social. Estas mulheres eram enviadas para estes asilos para pagarem pelos seus pecados, e aí viviam em condições deploráveis e eram cruelmente castigadas e escravizadas.
Convento: em New Ross, no sudoeste da Irlanda

O Sino de Iris Murdoch

O Sino, de Iris Murdoch
(Relógio d’Água)

Falta o sino numa abadia beneditina no interior da Inglaterra. Diz a lenda que caiu ao rio como castigo pelos pecados de uma antiga freira. O livro faz-nos mergulhar no ambiente comunitário e interdependente da abadia e da aldeia.
Convento: Abadia de Imber, no Goucestershire

E um de não-ficção

Soror Juana Ines de la Cruz ou as Armadilhas da Fé, de Octavio Paz

Soror Juana Ines de la Cruz ou as Armadilhas da Fé, de Octavio Paz
(edição brasileira: Ubu Editora)

O Nobel mexicano relata a história desta freira poeta da Nova Espanha do século XVII. Mulher e, pior, crioula, provavelmente a sua arte e a sua grande erudição só foram valorizadas no contexto da sua época porque era religiosa.
Convento: Convento de Santa Paula, Cidade do México

De certeza que há mais – muitos mais. Aceito a vossa ajuda para completar esta lista ou publicar a Parte 2 deste artigo. 

Margarida Branco
© Ler por aí… (2024)

Margarida Branco

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