Fundadora e dinamizadora do projecto Ler por aí…
Tem três filhos crescidos. Estudou gestão, trabalhou em logística e em finanças, foi consultora e formadora. Faltava paixão ao seu mundo de rigor e exactidão, por isso em 2006 criou o projecto Ler por aí…
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13 livros sobre o Terramoto de Lisboa Juntei nesta lista alguns dos livros que nos levam para 1 de Novembro de 1755 e para os dias que se seguiram. Com estes livros, vamos caminhar sobre escombros. A terra revoltou-se e todos pensaram que era Deus que se revoltava. Lisboa foi arrasada e, graças a este acontecimento, é hoje uma cidade-mistério. Uma cidade em que caminhamos e olhamos o que hoje existe ao mesmo tempo que imaginamos o que já não existe. Caminhamos sobre uma cidade que foi e já não é, mas ainda é. Madre Paula, Rainha na Sombra, de Ricardo Costa Correia: Ler por aí… em Odivelas Uma Paula humana, a três dimensões, a mulher fascinante que ela provavelmente foi, bem como os espaços em que ela se terá movimentado. 5 livros de ficção com freiras + 1 bónus. Por ser um ambiente fechado, o convento excita-nos a imaginação e a curiosidade. Há lendas de túneis para entrada sorrateira e fuga desesperada. Há histórias dramáticas, sangrentas e depravadas. E a literatura bem tirou partido delas. Rumo a Casa, de Yaa Gyasi é um livro para ler numa visita à Costa do Cabo no litoral do Gana, ou a qualquer dos sessenta fortes e castelos ao longo da costa ocidental de África. Também pode ajudar-nos a compreender o Sul dos Estados Unidos ou qualquer dos outros locais ligados à economia de plantação, como o Brasil, as ilhas-paraíso das Caraíbas ou de São Tomé. Sobre fazer o luto dos livros… Também vos acontece? A Casa e o Mundo, de Rabindranath Tagore, é um livro passado na região de Bengala, no sudeste da Índia. Depreende-se isto por algumas deslocações que as personagens fazem a Calcutá (capital do estado de Bengala Ocidental), e porque é a origem do próprio autor. Em termos de localização no tempo, leva-nos à época do Movimento de Independência da Índia, no início do século XX. A Pessach, ou Páscoa judaica, celebra a libertação da escravidão do povo hebreu. É um dos momentos mais importantes do calendário religioso judaico. Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem, de Maryse Condé: Ler por aí… em Barbados, nas Caraíbas, e em Salem, no Massachussets. São duas as localizações desta história: a ilha de Barbados, nas Caraíbas, e Salem, no estado do Massachussets. Na verdade, são dois locais com o mesmo nome, Salem: a cidade de Salem e a aldeia de Salem, a cerca de 5kms, que é actualmente Danvers. Estamos no século XVII e ambos os locais são colónias britânicas. Faço aqui um apanhado de alguns dos podcasts que tenho subscritos – e vou-me cingir apenas aos que neste momento estão activos, e que tratam da temática dos livros e da literatura. 10 livros para Ler por aí… em Barcelona Ler por aí… em Santiago Cabo Verde: Siríaco e Mister Charles de Joaquim Arena Este é Siríaco. E esta é a sua história, que se multiplica em temas de interesse que se entrecruzam, e que nos levam a mergulhar em pesquisas sem fim – por isso, e também por trazer uma personagem histórica à sua dimensão humana, Siríaco e Mister Charles é tão fascinante. As duas figuras centrais, Siríaco e Charles Darwin, são ambas personagens históricas que coincidiram na ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde. quantifico as minhas leituras no Goodreads – faço o reading challenge desde 2018: nos primeiros anos, com resultados humilhantes – porque, na verdade, não registava tudo o que lia. Desde 2021, porém, termino os meus anos leitores em glória – graças à disciplina de passar o ano a registar tudo o que leio, e releio. Enche-me de satisfação ver a barrinha do objectivo a avançar castanha, rumo aos 100%! Rebolo-me de satisfação ao registar, cada dia, em que página vou, e ver a barrinha castanha a crescer. Nesta brincadeira, não falta a frustração de quando o livro que estamos a ler não está no Goodreads! Ler por aí… em Marselha Se fosse viajar para Marselha, que livro levaria na bagagem? 15 livros ilustrados com muito Ler por aí… Ler por aí… em Lisboa, e outras cidades, que também são recordadas: A História de Roma, de Joana Bértholo Este artigo pretende dar pistas para a compreensão desta História que não passa pelos livros da escola. Por isso, reuni alguns dos livros sobre o assunto, que importa conhecer. Não é uma lista exaustiva, mas espero que sejam portais para a exploração deste universo, e que estas leituras levem a outras. Ler por aí… em Castelo Rodrigo: A Aldeia das Almas Desaparecidas de Richard Zimler Em crianças, ouvíamos vezes sem conta a mesma história. Já sabíamos o fim, mas mesmo assim, queríamos ouvi-la novamente. Ficávamos ansiosos, à espera daquela cena que já sabíamos que ia acontecer. A minha mãe contava-me, e ainda me conta, muitas … Ler por aí… na Islândia: A Raposa Azul, de Sjón: Tenho esta imagem da Islândia: um território extremamente vulcânico, em constante erupção e mutação, em que territórios que hoje existem amanhã podem já lá não estar, e vice versa. Por isso, fico a pensar se alguns dos locais referidos pelo autor existiriam no século XIX e hoje já não existem, ou se foram simplesmente inventados por ele. Ler por aí… no Tâmega-Sousa – Norte de Portugal: A Sibila de Agustina Bessa-Luís Não está explícita a localização da Casa da Vessada, mas há indícios na obra que a colocam algures no Tâmega, algures no triângulo formado por Amarante, Penafiel e Marco de Canaveses. No centro deste triângulo encontramos Vila Meã, terra natal de Agustina Bessa-Luís. E é em Vila Meã que se situa a Casa do Paço, casa que inspirou a Casa da Vessada. Esta informação não vem do texto, mas sim do website do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, que disponibiliza um Roteiro Literário da obra da autora. Acredito que Santo Domingo do título não se refere à cidade de Santo Domingo, hoje capital da República Dominicana, mas sim a Saint-Domingue, nome da colónia francesa na ilha de Hispaniola, dividida actualmente entre o Haiti e a República Dominicana. A história desta velha passa-se em Cabo Verde – na época da colonização portuguesa – mais concretamente, na ilha de Santiago – numa vila chamada Lém, que fica no interior da ilha, a cerca de 12 kms da Praia, portanto na parte Sul da ilha. É esta vila que, na história, se torna o novo centro do cristianismo. Uma oficina de restauro de pianos em Benfica, mas não nos prédios que hoje lá existem. Era no núcleo antigo de Benfica que ficava a oficina. Dos pianos velhos que jaziam no cemitério retiravam-se peças para os pianos a reparar. Dentro de um piano, uma peça de um piano mais velho, como no filho, e no neto, há peças do pai e do avô. A história desenvolve-se neste círculo, e alterna entre duas épocas e duas gerações, – a renovação. Nascimentos e mortes coincidem no tempo. O mais velho dá lugar ao mais novo. A vida acontece no entretanto, sempre repetida, mas diferente. Senhoras, senhores, amigos,Quero fazer um esclarecimento prévio, e que provavelmente serão vários esclarecimentos prévios. O primeiro é que eu ditei, apressadamente, por telefone, a ordem dos temas destas conferências, e depois, pensando melhor, julguei mais natural modificar essa ordem. De … Ler por aí… em Buenos Aires: O Tango, Quatro Conferências, de Jorge Luis Borges Read More » Uma casa onde jovens raparigas dormem sob o efeito de drogas, para deleite de homens “no inactivo”. Eguchi foi a esta casa para experimentar, e ficou tão impressionado que não resistir a ir mais algumas vezes dormir com estas jovens, inanimadas porém extraordinariamente belas. Não sabemos onde se situa a Casa das Belas Adormecidas. Apenas nos é dito que fica numa região quente, e sabemos que fica junto ao mar – o barulho das ondas na falésia soa ruidosamente dentro da casa. O som das ondas a rebentar na falésia cria uma atmosfera fantasmagórica – fez-me pensar na Pousada da Jamaica (Jamaica Inn), o filme de Alfred Hitchcock, não o romance de Daphne du Maurier, que não li. Os tambores da chuva só se ouvem quando vai chover. Avisam o exército turco que é hora de retirar. O cerco a esta cidadela albanesa começa em 18 de Junho e termina em 1 de Outubro, de um certo ano do século XV. O cerco turco durou todo o Verão, e era sabido que se não tomassem a cidadela durante o tempo seco, não iriam conseguir fazê-lo após as primeiras chuvas. Imaginemos o Alasca como um território inóspito, selvagem, muito, muito frio, e com paisagens magníficas. Conseguimos imaginar o estado de espírito de Roy, um adolescente, ávido de vida, ao ver-se obrigado a ir por um ano (um ano, na adolescência, é uma eternidade…) para uma ilha deserta no Alasca: sem escola, sem amigos, sem nada de estimulante que não as magníficas paisagens e a necessidade de sobreviver a um Inverno escuro, duro e longo: Ler Bestas de lugar nenhum é um murro no estômago. Lembro-me de, em criança, pegar num jornal e ver uma fotografia de crianças-soldado na Libéria. Armadas com metralhadoras. Aquilo passou a ser, para mim, o paradigma da maldade do mundo. Gaivotas em terra, dizem, tempestade no mar. No caso da gaivota Kengah, tratou-se de uma tempestade negra: foi uma maré negra de petróleo que a forçou a ir para terra e quase a matou. Uma maré negra no Mar do Norte, junto à foz do rio Elba, na Alemanha, ponto de encontro de rotas migratórias das gaivotas. Acaba de sair esta compilação de viagens literárias, que compus com dedicação e carinho para quem se juntar a nós. Neste pequeno livrinho para guardar, tem o melhor do Ler por aí… até à data. ‘Chegou o decreto do Altíssimo e, com ele, o fim.’ Coube-me a mim fechar-lhe os olhos. Perdurar é privilégio de Alá, mas não consigo evitar as lágrimas enquanto rezo por al-Mu’tamid que foi meu rei e um poeta bem mais … Ler por aí… no al-Andalus: Crónica do Rei Poeta al-Mu’tamid, de Ana Cristina Silva Read More » Esta história começa em 1746, no Norte da Escócia, com a batalha de Culloden, em que escoceses jacobitas foram derrotados pelas forças inglesas do Duque de Cumberland, conhecido na Escócia como “the butcher”, o carniceiro. Meia ilha do arquipélago das Pequenas Sondas, que está tatuado na perna direita de Alor: Timor Lorosae, onde nasce o sândalo, “…homde nace o samdollo.” O mapa que tem tatuado é uma réplica do atlas de Francisco Rodrigues, elaborado entre 1511 e 1515, durante as viagens que fez ao lado de Afonso de Albuquerque em busca das “ilhas das especiarias”, as ilhas Molucas. Recordo-me da estranha humidade durante esse primeiro setembro que passei na cidade. Recordo-me do cheiro a ranço e do ruído constante quando os lojistas subiam e desciam os estores de aço. Recordo-me do som dos carros e das motos a … A promessa de regressar a este livro foi feita em Outubro de 2007. Dez anos depois (dez anos?!) visitei Berlim. Aqui estou, hoje, a terminar este texto sobre A Sétima Porta. Depois de o ler. Depois de o Ler por aí… – este livro acompanhou-me antes, durante e depois de Berlim. São 650 páginas de Berlim, de Sophie, de Isaac, de Hansi, de Vera… Faltava um continente: o mapa do Ler por aí… já tinha marcado pontos de leitura na Europa, na África, na Ásia, nas Américas, do Sul, do Norte, Central… mas não tinha nada na Oceania. Esta leitura australiana surgiu quando pedimos sugestões para completar esta falta. E quando recebi, quase ao mesmo tempo, um email e uma mensagem pelo Facebook, a indicar Songlines, pensei, “mas é claro, como é que não me lembrava deste livro…” Casanova seduzia, seduzia e seduzia. Mas Giacomo Casanova foi uma figura muito mais ampla e interessante, e é aqui retratada nos seus diversos cambiantes. O livro é composto de seis cartas imaginadas pelo autor, Autónio Mega Ferreira. São seis cartas imaginadas, mas que poderiam (ou não) ter sido escritas por Casanova, pois baseiam-se em factos relatados pelo próprio na sua Histoire de ma vie – apesar de, afirma o próprio Mega Ferreira, não se saber, “(…) sequer se Casanova alguma vez esteve em Lisboa, pelo que pode nem as ter escrito. É esse o princípio da ficção.” Caro Mário, Esta é a viagem de Sigbjorn Wilderness e Primrose, de Vancouver para Roterdão, a bordo do N/M Diderot, entre 7 de Novembro e 17 de Dezembro de 1947. A narrativa pára no Farol de Bishop, ao largo da costa da Cornualha, Inglaterra, com o navio destroçado, após uma violenta tempestade. “Hosi Mbueti decidiu voltar a Angola uma certa manhã, estava ainda deitado. Havia dez anos que estava refugiado na Zâmbia, pois fugira de Angola durante a guerra civil de 1975. Reuniu toda a sua energia e saltou da cama de … O que caracteriza os números primos é serem apenas divisíveis por si próprios e pela unidade. Um número primo não tem divisores, vale por si. Nenhum outro faz parte da sua composição. Os animais têm faculdades ainda inexplicáveis pela racionalidade. Os gatos, em particular, são seres misteriosos, que desde os tempos mais antigos estão associados a superstições e rituais sagrados. Este gato percebeu (na falta de melhor palavra) que os donos não podiam embarcar no grande navio Vasa. Não se sabe com que sentido o percebeu. Mas conseguiu salvá-los do naufrágio. Acompanhamos a família Zarco desde O Último Cabalista de Lisboa – Tiago é bisneto de Berequias. Três gerações mais tarde, a família que saiu de Lisboa para Constantinopla, partiu para Goa. Júlia foi uma mulher da primeira república. Não somos informados de onde nasceu, apenas que foi em Lisboa. Reconhecemos, nascidos no mesmo ano que Júlia (que pertenceu à maioria que foi esquecida), quatro figuras que ficaram lembradas: D. Manuel II, António de Oliveira Salazar, o Cardeal Cerejeira, e Fernando Pessoa. Ao longo da narrativa, vão-nos sendo dadas notas do percurso destas figuras, sempre que o de Júlia neles tropeça. Baseando-se em apenas uma referência espacial concreta, pode especular-se que esta história se passa numa aldeia – Vila Cacimba, aldeia imaginária – perto de Pemba (antiga) Porto Amélia, na costa Norte de Moçambique. É em Porto Amélia que o negro Bartolomeu Sozinho afirma, com orgulho, ter ingressado ao serviço da Companhia Colonial de Navegação. Rakushisha é a Cabana dos Caquis Caídos, a cabana que serviu de morada a Kiorai, discípulo de Basho. Basho foi um poeta de haiku, os poemas de três versos japoneses. No século XVII, Basho procurou a realização espiritual em forma de haiku. Em Ilhas Contadas contamos dez ilhas, em dez contos. Dez contos sim, dez ilhas não. Oito ilhas, uma vez que a Ilha da Madeira, e o Funchal, são cenário de três destas histórias. Helena Marques não nasceu no Funchal, mas ali viveu toda a infância e juventude. Cornos da Fonte Fria é um cume nevado na Serra do Gerês, onde se pretende construir o farol – biblioteca. Só por si, esta ideia é estranha e fascinante ao mesmo tempo. Inserida no ambiente húmido e verde dos bosques de carvalhos, torna-se onírica. Este livro é como um mosaico de diferentes histórias que não chegam a entrelaçar-se, embora ocupem o mesmo espaço. O espaço de uma pequena aldeia alentejana, com as suas paredes caiadas e as portas e janelas contornadas a azul, o azul Alentejo. Esta aldeia é Mamarrosa, uma aldeia imaginada pela autora, que terá passado umas férias no Alentejo, que a inspiraram para a escrita deste livro. Sendo uma aldeia imaginada, sabemos que se situa junto ao litoral, e por ser azul, podemos imaginar (também nós) que seria semelhante a Santa Susana, uma pequena aldeia, azul, no concelho de Alcácer do Sal. Duarte Pacheco foi Ministro das Obras Públicas de Salazar e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Projectou o Técnico e a Fonte Luminosa, entre outras obras de vulto na cidade de Lisboa e pelo país fora. Morreu na Cova do Lagarto, na estrada entre Montemor-o-Novo e Vendas Novas. Aceitando a sugestão de Rui Cóias, poeta e bloguista (Fundamentos de Passagem), li e fiquei rendida, daí que a proposta deste mês é a Mulher de Porto Pim, de António Tabucchi. O pequeno livro está recheado de histórias, fragmentos, descrições mais ou menos científicas e até regulamentos. O epicentro de todos eles, o arquipélago dos Açores. A agência de detectives de Mma Ramotswe ficava situada nos arredores de Gabarone, a capital do Botswana. Ali era a orla do deserto do Calahari, que se via da janela. Os clientes tomavam ali um chá de rooibos e contavam os seus casos, e ali também ela se entregava à reflexão sobre os mesmos, e a trocas de impressões com a sua secretária Mma Makutsi, sobre os ditos mesmos. O Leopardo viveu o Risorgimento italiano, em que os reinos italianos sucumbem a Garibaldi numa república unificada. O Reino das Duas Sicílias não é excepção. O Leopardo é Don Fabrizio Corbera, Príncipe de Salina, e como um leopardo, descreve-se pela sua força, nobreza e sensualidade. Estamos perto da fronteira, naquela aresta a que sempre achei graça quando, na escola, desenhava o mapa de Portugal. A Sul temos o Tejo, a leste o Erges. A Oeste e a Norte, as serras da Gardunha e da Estrela, no centro Monsanto, a aldeia mais portuguesa, dizem. Fernando Namora viveu aqui. Berlim é um lugar de ambiguidades, não só para judeus. Sendo uma cidade muito atraente, tem também recordações terríveis. Em A Sétima Porta, a heroína procura resgatar a sua cidade, recuperar as suas recordações, apesar de tudo aquilo que nela vê acontecer. Será que existe mesmo a ilha de Le Devin? Ela é tão detalhadamente descrita ao longo do prólogo deste livro que ficamos na dúvida, apesar de não a encontrarmos em nenhum atlas nem em nenhuma enciclopédia. Unha de Fateixa é um lugar imaginado, mas se existisse deveria situar-se na costa Norte da Terra Nova, entre Trinity Bay e Conception Bay, a Oeste de S. João da Terra Nova. É uma costa agreste, rochosa e batida pelo vento gelado do Pólo Norte, de onde se assiste à passagem lenta de icebergues. O site Ler por aí… faz este mês um ano. E para assinalar esta data, resolvemos dar finalmente alguma liberdade aos nossos leitores, e deixá-los ler o livro sugerido onde quiserem. Isto porque desta vez, sugerimos um livro diferente: é um livro para Ler por aí… em lugares imaginários! A casa de Francisco Félix de Sousa situava-se mesmo em frente ao sítio onde eram realizados os leilões de escravos, e que constitui hoje o início da Rota dos Escravos. Este é um livro sobre Istambul. Istambul, antiga Bizancio e antiga Constantinopla, metade na Europa, metade na Ásia. Compreende-se que seja difícil a um turco definir-se. O casebre de Leonardo e Ermelinda era em Padornelos, junto a Montalegre. Era também nessa aldeia a casa de Santiago, a primeira casa de emigrante a surgir por ali. Ferreira de Castro consegue fazer-nos sentir que a terra ali é mesmo fria e húmida, sem conforto, que se vive pobremente, longe da civilização e perto da natureza e dos animais – sobretudo junto dos animais. Ainda se podem observar aldeias como esta na região, em que as vacas e os bois se passeiam pelas ruas e as plantam de bosta. Uma chega de bois era ali um raro divertimento a que acudia todo o povo da aldeia e das aldeias vizinhas. O Vale do Rift, a grande falha tectónica que se estende desde a Síria até Moçambique, é o berço da humanidade, a região do planeta a partir de onde os nossos antepassados mais remotos iniciaram a longa caminhada e se espalharam por todo o mundo. Sabendo isto, poder-se-á imaginar que os nativos destas regiões sejam os mais genuínos descendentes daqueles seres antigos. Sendo um livro de contos, em Gente de Dublin não há um lugar chave, uma vez que em cada conto existe esse lugar. Em alguns, não é sequer especificado o lugar exacto em que a história se movimenta. Ler por aí… Gente de Dublin justifica-se, no entanto, pela apreciação dos tipos que Joyce caracterizou, e do próprio ambiente que se vivia na cidade no final do século XIX. O espaço da Judiaria Pequena, em Lisboa, em parte já não existe, devido à destruição provocada pelo terramoto de 1755. Mesmo assim, sendo Alfama um bairro de origem medieval, dos que menos sofreu com o terramoto, algumas das ruas referidas na obra são ainda identificáveis. A Tenda dos Milagres ficava na Ladeira do Tabuão, número 60, no limite da Baixa do Sapateiro (bairro imortalizado na canção de Ary Barroso), em São Salvador da Baía. Era uma oficina tipográfica, pertencente a Mestre Lídio Corró, que ali também “riscava milagres”, e era o ponto de encontro da gente do bairro, gente de sangue misturado de Europa e África. Ema vivia no Romesal, em criança. Com o casamento, mudou-se para Vale Abraão. E frequentemente visitava o Vesúvio. Estes são três lugares fundamentais deste romance de Agustina, todos eles situados na região do Douro, algures entre Lamego e a Régua, na margem Sul do rio. Esta margem é estupendamente retratada logo no início da obra.13, não, 14 livros sobre o Terramoto de Lisboa
Madre Paula, Rainha na Sombra, de Ricardo Costa Correia: Ler por aí… em Odivelas
5 livros de ficção com freiras
Rumo a Casa, de Yaa Gyasi: Ler por aí… no Gana
Sobre fazer o luto dos livros…
Fiz recentemente uma pequena sondagem, numa story do instagram, onde respondeu a representativa amostra de cinco pessoas. Perguntava “E tu? Também fazes o luto dos livros?”A Casa e o Mundo, de Rabindranath Tagore: Ler por aí… em Bengala, na Índia
A Páscoa Judaica
Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem, de Maryse Condé: Ler por aí… em Barbados, nas Caraíbas
8 podcasts sobre livros
10 livros para Ler por aí… em Barcelona
Aqui encontra uma lista de livros que enriquecem a visita à cidade de Barcelona, esta fabulosa cidade.Ler por aí… em Santiago, Cabo Verde: Siríaco e Mister Charles, de Joaquim Arena
Da quantificação da leitura
Ler por aí… em Marselha
15 livros ilustrados com muito Ler por aí…
Para participar no #marçoilustrado, iniciativa bookstagrammer da @silveria.miranda e do @na.cama.com.os.livros, deixo aqui 15 sugestões de livros ilustrados que, além de nos encantarem de lindos, nos fazem viajar. E é um engano pensar que só irão agradar às crianças!Ler por aí… em Lisboa, e outras cidades, que também são recordadas: A História de Roma, de Joana Bértholo
Joana passeia o rapaz suíço por Lisboa: andamos com eles por Santos (o Museu Nacional de Arte Antiga), Campo Grande (o Museu Bordalo Pinheiro), Marquês de Pombal (a Estufa Fria), a Almirante Reis e o Intendente (a Casa Independente), Alfama e Graça, Santa Apolónia, Terreiro do Paço (o Martinho da Arcada) e Chiado (e as Belas Artes). E com isto, vejo que acabo de criar um circuito para este livro!9 livros sobre o judaísmo em Portugal
Ler por aí… em Castelo Rodrigo: A Aldeia das Almas Desaparecidas (parte I – A Floresta do Avesso), de Richard Zimler
Estamos na aldeia de Castelo Rodrigo, próximo da fronteira com Espanha e a Sul do rio Douro. Esta é a paisagem da aldeia mais bela do mundo, segundo o nosso protagonista, Isaac Zarco. Reconhecemos este sobrenome de outros livros de Richard Zimler, em primeiro lugar do primeiro deste Ciclo Sefardita, O Último Cabalista de Lisboa. Isaac dista de Berequias 150 anos e várias gerações – e quase 400 quilómetros! O século XVII vai avançado, os Filipes espanhóis já se foram embora, mas reina a Inquisição.Spoiler! E?
Ler por aí… na Islândia: A Raposa Azul, de Sjón
Ler por aí… no Tâmega-Sousa, Norte de Portugal: A Sibila de Agustina Bessa-Luís
Ler por aí… no Haiti: Noivado em Santo Domingo, de Heinrich von Kleist
Ler por aí… em Santiago, Cabo Verde: O Novíssimo Testamento, de Mário Lúcio Sousa
Ler por aí… em Benfica, Lisboa: Cemitério de Pianos, de José Luís Peixoto
Ler por aí… em Buenos Aires: O Tango, Quatro Conferências, de Jorge Luis Borges
Ler por aí… no Japão: A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata
Ler por aí… na Albânia: Os Tambores da Chuva, de Ismail Kadaré
Ler por aí… no Alasca: A Ilha de Sukkwan, de David Vann
Ler por aí… na Nigéria: Bestas de lugar nenhum, de Uzodinma Iweala
Ler por aí… em Hamburgo, Alemanha: História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luís Sepúlveda
os 6 melhores textos em lerporai.com
Ler por aí… no al-Andalus: Crónica do Rei Poeta al-Mu’tamid, de Ana Cristina Silva
Ler por aí… na Escócia e na Lisboa do Terramoto: Lillias Fraser, de Hélia Correia
Ler por aí… em Timor: Peregrinação de Enmanuel Jhesus, de Pedro Rosa Mendes
Ler por aí… em Barcelona, Espanha
Ler por aí… em Berlim, na Alemanha
Ler por aí… na Austrália
Ler por aí… na Lisboa do Terramoto
Ler por aí… na Lusitânia, Portugal Romano
Permita-me perguntar-lhe: onde imaginou Tarcisis? A Lusitânia, província do império romano, ocupava o sudoeste da península ibérica. Em Tarcisis, cidade da Lusitânia, estamos seguramente, afastados do Guadiana e do mar: as cinzas de Trifeno “seriam lançadas lá longe, no Anas”; e a certo ponto chega “um carregamento de garum e sardinhas frescas do litoral”. O Mário refere outras cidades da Lusitânia – Emerita (Mérida, a capital da província romana da Lusitânia), Miróbriga (perto de Santiago do Cacém), Ossónoba (Faro), Vipasca (Aljustrel) – que ficam assim excluidas das possibilidades – seriam sempre excluidas, uma vez que Tarcisis é uma cidade ficcionada.Ler por aí… no Panamá
Ler por aí… no Huambo, Angola
Ler por aí… em Turim, Itália
Ler por aí… em Uppsala e Estocolmo, na Suécia
Ler por aí… em Goa, na Índia
Ler por aí… na Graça, Lisboa
Ler por aí… em Pemba, Moçambique
Ler por aí… em Quioto, Japão
Ler por aí… numa ilha
Ler por aí… em Pitões das Júnias
Ler por aí… no Litoral Alentejano
Ler por aí… em Lisboa (Alameda e outros lugares)
Ler por aí… nos Açores: Mulher de Porto Pim, de Antonio Tabucchi
Ler por aí… no Botswana
Ler por aí… na Sicília, Itália
Ler por aí… na raia beirã
Ler por aí… em Berlim, Alemanha
Ler por aí… nas ilhas da Bretanha, França
Ler por aí… na Terra Nova, Canadá
Ler por aí… onde quiser
Ler por aí… no Benim
Ler por aí… em Istambul, Turquia
Ler por aí… no Barroso
Ler por aí… no Quénia
Ler por aí… em Dublin, Irlanda
Ler por aí… em Alfama, Lisboa
Ler por aí… em São Salvador da Baía, Brasil
Ler por aí… no Douro
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