Há muitos lugares na vastidão deste mundo em que ainda não temos uma proposta de leitura para Ler por aí… Se fosse viajar para Bolonha, Itália, que livro levaria na bagagem? Se tiver uma boa sugestão, aceite o desafio e deixe o seu comentário nesta página ou envie-nos uma mensagem para lerporai@lerporai.com. Divirta-se a Ler por aí… Margarida Branco © Ler por aí…  

Ler por aí... em Timor-Leste: Peregrinação de Enmanuel Jhesus, de Pedro Rosa Mendes

Meia ilha do arquipélago das Pequenas Sondas, que está tatuado na perna direita de Alor: Timor Lorosae, onde nasce o sândalo, “…homde nace o samdollo.”

O mapa que tem tatuado é uma réplica do atlas de Francisco Rodrigues, elaborado entre 1511 e 1515, durante as viagens que fez ao lado de Afonso de Albuquerque em busca das “ilhas das especiarias”, as ilhas Molucas.

Recordo-me da estranha humidade durante esse primeiro setembro que passei na cidade. Recordo-me do cheiro a ranço e do ruído constante quando os lojistas subiam e desciam os estores de aço. Recordo-me do som dos carros e das motos a reverberar contra os velhos edifícios de pedra, do som de passos e das vozes que ecoavam nas ruas estreitas. Estava-se em 1975, dois meses antes da morte do general Franco. …

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“Quando a Yara entrou na vida do Pepe ele dizia estar com oitenta anos já feitos, e confesso ter ficado verdadeiramente surpreendido na noite em que ela me bateu à porta para me anunciar, com a sua natural desfaçatez e sorrisinho traquinas de menina impúdica, que acabava de deixar a cama do «nosso querido e muito sensual Pepinho». E diante da minha manifesta troça por algo que me pareceu desvairada imaginação …

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A promessa de regressar a este livro foi feita em Outubro de 2007. Dez anos depois (dez anos?!) visitei Berlim. Aqui estou, hoje, a terminar este texto sobre A Sétima Porta. Depois de o ler. Depois de o Ler por aí… – este livro acompanhou-me antes, durante e depois de Berlim. São 650 páginas de Berlim, de Sophie, de Isaac, de Hansi, de Vera… 

Faltava um continente: o mapa do Ler por aí… já tinha marcado pontos de leitura na Europa, na África, na Ásia, nas Américas, do Sul, do Norte, Central… mas não tinha nada na Oceania.

Esta leitura australiana surgiu quando pedimos sugestões para completar esta falta. E quando recebi, quase ao mesmo tempo, um email e uma mensagem pelo Facebook, a indicar Songlines, pensei, “mas é claro, como é que não me lembrava deste livro…”

Fernão Mendes Pinto diz ao que vai e com isto ao que todos iam. Esta obra satírica é um livro de moral disfarçado de livro de aventuras. Sátira da colonização portuguesa, a Peregrinação usa todos as ferramentas da literatura satírica: do pícaro ao ingénuo, do bondoso ao herói, Fernão Mendes Pinto encarna todas as personae da sátira. 

Há alguns anos fui jantar a um restaurante turco de Lisboa. Pedi a lista dos vinhos e o senhor respondeu-me que não tinha lista, porque não queria ter nada a ver com a vende álcool. “Sou muçulmano, não toco em álcool. Quem o vende são os meus empregados; eles compram, vendem e ficam com o lucro todo. Vou chamá-lo”.

No dia seguinte eu ia fazar uma leitura das “Odes ao Vinho” de Omar Khayyam (o título é o da edição da Morais de 1970, tradução de E. M. de Melo e Castro, o meu rimeiro contacto com os Rubaiyat) e lembrei-me de o dizer ao proprietário do restaurante:

Casanova seduzia, seduzia e seduzia. Mas Giacomo Casanova foi uma figura muito mais ampla e interessante, e é aqui retratada nos seus diversos cambiantes. O livro é composto de seis cartas imaginadas pelo autor, Autónio Mega Ferreira. São seis cartas imaginadas, mas que poderiam (ou não) ter sido escritas por Casanova, pois baseiam-se em factos relatados pelo próprio na sua Histoire de ma vie – apesar de, afirma o próprio Mega Ferreira, não se saber, “(…) sequer se Casanova alguma vez esteve em Lisboa, pelo que pode nem as ter escrito. É esse o princípio da ficção.”

Caro Mário,
Permita-me perguntar-lhe: onde imaginou Tarcisis? A Lusitânia, província do império romano, ocupava o sudoeste da península ibérica. Em Tarcisis, cidade da Lusitânia, estamos seguramente, afastados do Guadiana e do mar: as cinzas de Trifeno “seriam lançadas lá longe, no Anas”; e a certo ponto chega “um carregamento de garum e sardinhas frescas do litoral”. O Mário refere outras cidades da Lusitânia – Emerita (Mérida, a capital da província romana da Lusitânia), Miróbriga (perto de Santiago do Cacém), Ossónoba (Faro), Vipasca (Aljustrel) – que ficam assim excluidas das possibilidades – seriam sempre excluidas, uma vez que Tarcisis é uma cidade ficcionada.

Esta é a viagem de Sigbjorn Wilderness e Primrose, de Vancouver para Roterdão, a bordo do N/M Diderot, entre 7 de Novembro e 17 de Dezembro de 1947. A narrativa pára no Farol de Bishop, ao largo da costa da Cornualha, Inglaterra, com o navio destroçado, após uma violenta tempestade.

Considerada por muitos a obra-prima de Aquilino Ribeiro, A Casa Grande de Romarigães narra o apogeu e a decadência das casas fidalgas. Trata-se de “uma crónica romanceada” como o próprio autor a define, e no prefácio narra as peripécias de sua composição, inclusive respondendo ambígua e jocosamente a um “académico de Argamasilha, ou lente de Coimbra”: “- Um romance… ? Deus me livre!”

 “Hosi Mbueti decidiu voltar a Angola uma certa manhã, estava ainda deitado. Havia dez anos que estava refugiado na Zâmbia, pois fugira de Angola durante a guerra civil de 1975. Reuniu toda a sua energia e saltou da cama de solteiro, fazendo gemer as molas. Tinha alugado aquele pequeno quarto à Sra. Banda. Era tão pequeno que os poucos pertences – três jarros, uma bacia, um fogareiro, uma caixa com …

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